A gangorra cambial e seus possíveis efeitos

Desde o plano real, em 1994, o valor do dólar já passou por ao menos oito grandes altas e baixas. As oscilações são influenciadas tanto por conta da política interna do país ou por acontecimentos que mexeram com os mercados globais, como a pandemia de Covid, quando o câmbio atingiu o maior valor da história. O maior valor do dólar registrado até hoje foi durante a pandemia, em 2020, no governo de Jair Bolsonaro R$ 5,97.

O valor do dólar influencia diretamente o preço dos combustíveis, que chegaram a valores exorbitantes em 2022. O dólar só voltou ao patamar de antes da pandemia em abril de 2022 (R$ 4,58). Enquanto a guerra entre Rússia e Ucrânia impactou o mercado internacional negativamente, a moeda brasileira se valorizou, já que o país é um grande produtor de commodities, que ficaram escassas por conta do conflito. Com a normalização dos mercados globais aos poucos, o real voltou a perder valor, mas nesse ano está beirando de novo o maior pico que foi R$ 5,97, para analistas a ausência do Banco Central em promover leilões de Swap Cambial ou dólar a vista faz com que a especulação só aumente.

Seria uma vingança do atual presidente do Banco Central contra o governo? Picuinhas da política? Talvez, mas o fato é que não há justificativa para essa desvalorização do real de quase 20 % até o momento. Muitos acreditam que o silêncio da autoridade monetária seja por ver que esse efeito é passageiro. Mas uma coisa é certa, se isso prolongar a única forma de segurar a inflação será subir os juros ou manter o preço dos combustíveis sem novos aumentos por um longo prazo.

Mohamad Talah Junior
Economista – Grupo Credex