Atualmente, com a taxa nominal básica de juros ao ano em 10,5%, a taxa real, considerando-se expectativas de inflação 12 meses à frente em 3,7%, estaria pouco acima de 6,5%, uma das mais altas do mundo. Se a Selic aumentar 0,25 ponto na próxima reunião do Copom, em setembro, uma aposta mantida hoje por cerca de metade dos analistas, a taxa real subiria para 7%.
Se essa expectativa se confirmar, o impacto no volume total dos juros líquidos passará a mais de 4% do PIB. Mesmo que o déficit fiscal primário não se contenha, em 2024, no limite superior da banda de tolerância do arcabouço fiscal, de 0,25% do PIB, chegando a 0,7% do PIB, como estimam analistas de mercado, o custo fiscal dos juros básicos reais seria 2/3 mais alto do que o déficit primário.
Até o fim do 1º semestre, em 2024, os juros líquidos pagos pelo governo representavam 7,5% do PIB, maior volume desde 2015, quando atingiram 8,4% do PIB. Desse total, 0,4% do PIB era formado por perdas com swaps cambiais, no acumulado em 12 meses. Portanto, seria importante Copom lembrar também que a alta de inflação passada se deu por ocasião da desvalorização exagerada do Real frente ao Dólar e elevação dos preços de combustíveis. E que provavelmente os dados inflacionários de agosto em diante venham menores.
Mohamad Talah Junior
Economista – Grupo Credex