Uma ata meio “sem pé e nem cabeça”

O Banco Central citou o aquecimento do mercado de trabalho incluindo aumentos reais de salários e a situação das contas públicas para justificar a alta da taxa básica de juros. Se fosse somente as contas públicas tudo bem, mas culpar aumento de salários e crescimento econômico para subir juros é sem cabimento algum.

Até porque quanto mais economia cresce mais se arrecada e ainda pode se controlar o aumento de demanda de consumo por aumento de importações. Mas como esperado, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), publicada nesta terça-feira (24), indica que haverá novos reajustes na Selic. Porém, deixa em aberto o tamanho deles e o nível que a taxa pode atingir ao fim do ciclo.

O Copom elevou a Selic em 0,25 ponto porcentual, para 10,75% ao ano. Foi a primeira alta de juros em pouco mais de dois anos. Nas duas reuniões anteriores, o colegiado havia optado por manter a taxa em 10,5%, interrompendo um ciclo de reduções iniciado em agosto de 2023. No entanto, é a primeira vez que se vê uma decisão de aumento de juros que visa culpar e conter o crescimento econômico de um país, algo inédito no cenário nos últimos 30 anos.

Mohamad Talah Junior
Economista – Grupo Credex