Um caso de assédio eleitoral promete sacudir os últimos dias da disputa pela prefeitura de Cascavel, no Oeste. Uma servidora da administração municipal revelou ter sido demitida por não participar da campanha do candidato da situação, o vice-prefeito Renato Silva (PL).
Maria Ilda Rodrigues ocupava um cargo de comissão na Secretaria da Cultura há cerca de 2 anos e meio, e afirma ter sido exonerada, a pedido do prefeito Paranhos, por não apoiar Renato Silva. A demissão, publicada no diário oficial de quinta-feira (3), foi assinada pelo próprio prefeito Paranhos.
Áudios de Paranhos cobrando acintosamente a servidora por sua escolha política estão circulando na cidade e podem comprometer a campanha de Renato Silva nessa reta final.
PERSEGUIÇÃO – Maria Ilda Rodrigues estava nomeada desde abril de 2022 na função de gerente de fomento da pasta. Segundo ela, no dia 26 de setembro, o secretário da Cultura, Ricardo Bulgarelli, comunicou-a que seria exonerada por ordem do prefeito, sem justificativa técnica. A servidora estranhou a informação já que desempenhava bom trabalho na função, inclusive com elogios do secretário da pasta. A motivação, segundo ela, é perseguição política pelo fato de não apoiar a campanha de Renato Silva.
USO DA MÁQUINA – Na denúncia, Maria Ilda apresenta também prints de conversas de um grupo de whatsapp formado por servidores lotados na prefeitura de Cascavel.
Com 186 participantes, entre eles o prefeito Paranhos, o grupo criado em 2017 deveria servir apenas para publicações administrativas, porém as conversas mostram que a postagem conteúdos em apoio ao candidato da situação são comuns. O símbolo do grupo é o brasão da cidade de Cascavel. Quando questionou sobre o teor das publicações em favor do candidato Renato Silva, Maria Ilda acabou sendo retirada do grupo.
ASSÉDIO ELEITORAL – A situação em Cascavel é semelhante à ocorrida recentemente em Curitiba. O uso da máquina pública para pressionar funcionários a participar de eventos de campanha dos candidatos da situação. Na capital, um superintendente da Prefeitura solicitou que os servidores adquirissem convites, no valor de R$ 3 mil, para um jantar de campanha, sob o risco de perderem seus cargos.
O assunto repercutiu na mídia nacional, com recomendação do Ministério Público do Trabalho para devolução dos valores e solicitação de investigação na Polícia Federal e Justiça Eleitoral.