É um fato inquestionável o desarranjo que a candidatura da Sra. Cristina causou na, até então, pacífica e pré-ordenada campanha da sucessão curitibana. Comparável ao furacão que assolou a Flórida, a candidatura do até então desconhecido Partido da Mulher Brasileira atacou o Planalto como nunca dantes, porquanto até mesmo os doze dias do coração curitibano tinham como candidato um político vencedor e tradicional, a saber, Jaime Lerner.
Ocorre que esta moça estava se preparando desde 2023 quando já capitaneava programas na mídia e que conseguiam chamar a atenção e fidelidade de um público que tinha guardado no peito o golpe engendrado pelo lulopetismo, associado ao Supremo Tribunal Federal, e que impôs a vitória do velho esquerdista, egresso do sistema prisional.
Ora, esta vertente do eleitorado tem algo em torno de 25 a 30 por cento dos eleitores curitibanos. Por óbvio, não lhes pareceu clara e suficiente a engenharia criada entre os dois Palácios: 29 de março e Iguaçu. Por isso, o bradar da jornalista que fez campanha em pequeno partido, sem dinheiro, e sem tempo midiático criou uma similitude com o vencedor de 2018, o Capitão.
Ao mesmo tempo em que crescia no sentimento das pessoas a possibilidade de vislumbrar uma liderança a mudar o establishment, acontecia a polarização em São Paulo, e tal polarização, gostem ou não, influenciou todo o Brasil, imaginem a Quinta Província, cuja capital tem tanta influência da pauliceia.
CRISTINA GRAEML
Pois bem, na quarta-feira (09), recebi Cristina no meu programa da Rede Mercosul, e foi avassalador a audiência e a participação das redes sociais. Ora, a moça se já fazia antes do primeiro turno, uma campanha de consistentes ataques ao que é consagrado na Capital, consolidada pelos mais de 30 por cento dos curitibanos que já desde logo a avalizaram, foi fortalecida tanto no seu agir, quanto no óbvio aval a este agir e propor.
A maciça onda de apoio que o clamor da rua e as pesquisas informais demonstram, me faz crer que esta eleição curitibana será decidida na reta de chegada. A responsabilidade, obviamente, se transfere para a candidatura oficial, visto que é clara a ruptura entre o discurso oficial e o sentimento médio da população. Insisto que os votos destinados a Cristina, acrescidos daqueles destinados aos partidos de oposição clara ao comando atual, mostram um divergir da pesquisa de gigantesca aprovação dos dois Palácios.
Como a pesquisa da urna é oficial e incontestável, é de imaginar que a aceitação do Prefeito e do Governador sofreu uma captis diminutio, no momento eleitoral. Vale enfatizar que no programa ao qual compareceu Cristina, tive mais de uma vez de pedir a ela que falasse mais devagar, tamanha a volúpia da candidata.
EDUARDO PIMENTEL
Na quinta-feira (10) à noite recebi o candidato Eduardo Pimentel, que tem sobre seus ombros a responsabilidade de manter Curitiba sob o mesmo caminho que trilhou nos últimos oito anos, tempo em que, ao lado de Rafael, foi responsável pelos acertos e erros que a população indica em relação à cidade. Como recebi todos os candidatos a Prefeito, tive a oportunidade de conversar com eles sobre a realidade da cidade, e sobre projetos que poderão modificar a realidade em apreço para melhor – pelo menos, no entender dos seus planejadores.
O que me sobrou de conhecimento foi que Curitiba ainda tem problemas relativos a algumas situações particulares. Destas, trato posteriormente. Todavia, há que aclarar que é consenso entre todos nós, curitibanos, que esta, a nossa cidade, é a sexta das cidades que apresentam a melhor qualidade de vida deste país. Destaco que a primeira é Maringá, as quatro subsequentes do interior paulista, e a Cidade Sorriso é a melhor capital para se viver neste país.
Entendo que o período eleitoral tem o dever de ser tratado como tempo de relatório, análise, projetos e mudanças. No aspecto de tudo que é bom, e é um aspecto inequivocamente abrangente, não estão contemplados cinco tópicos que apresentam desafio para Eduardo e, por óbvio, para Cristina. Dentre estes, a malfadada e desprezível indústria da multa, e os naturais problemas que sempre existirão em relação à saúde, moradia, segurança pública e educação.
Vale observar que saúde e educação têm que ser tratadas no âmbito municipal respeitando-se as responsabilidades dos estados e da Nação, em relação a esses dois tópicos. Não posso deixar de lembrar que a segurança pública municipal exige proposta de emenda constitucional imediata que permita ao Município uma atuação mais clara e efetiva, no segmento. Da mesma forma, a planificação da erradicação da falta de moradia exige ação conjunta e tripartite.
O que, evidentemente, se espera de Eduardo é que tenha propostas nas diferentes áreas municipais que tem ingerência direta do Prefeito. Assim, o sempre lembrado transporte coletivo deverá passar por uma licitação nos primórdios de 25, e deve conter propostas que remetam à população ao orgulho sempre sentido em tempos de Lerner, em relação a um transporte moderno, eficaz e que atendia ao interesse do usuário.
Por certo existem outras tantas demandas, como um desenvolvimento de atividade esportiva que esteja à altura da grandeza de Curitiba e do Paraná. Valho-me desde momento para lembrar que o Município dispendeu esforço e dinheiro na construção de um estádio de futebol, e que nesta divisão tripartite de responsabilidade, estava previsto no complexo um moderníssimo ginásio de esportes.
Pois bem. O estádio lá está, em sua modernidade e grandeza, todavia o ginásio de esportes não passa de um ponto de interrogação. Penso que abordando pautas dessa envergadura, o senhor Eduardo estará contemplando uma parcela da população que, sem embargo, já ama Curitiba, mas que deseja que ela seja mais bela, mais inclusiva e humana.