Pobreza e extrema pobreza no Brasil atingem menores níveis de série iniciada em 2012

A pobreza e a extrema pobreza no Brasil caíram em 2023 pelo segundo ano consecutivo e atingiram os menores patamares de uma série histórica iniciada em 2012, indicam dados divulgados nesta quarta (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Conforme o órgão, os resultados estão associados ao aquecimento do mercado de trabalho e ao pagamento de benefícios sociais como o Bolsa Família.

De 2022 para 2023, a proporção de pessoas consideradas pobres no país diminuiu de 31,6% para 27,4%. É a primeira vez que o percentual fica abaixo de 30% na série. Até então, a mínima havia sido registrada em 2014 (30,8%). Em termos absolutos, o número de pessoas pobres caiu de 67,7 milhões em 2022 para 59 milhões em 2023. O contingente do ano passado também é o menor da série.

Isso significa que 8,7 milhões deixaram a condição de pobreza, segundo os dados. É um contingente similar à população inteira do Ceará contabilizada no Censo Demográfico 2022 (8,8 milhões). Já a proporção de pessoas consideradas extremamente pobres no Brasil recuou de 5,9% em 2022 para 4,4% em 2023, diz o IBGE. É a primeira vez na série que a taxa fica abaixo de 5%. Até então, o menor nível havia sido registrado em 2014 (5,2%).

Em termos absolutos, a população extremamente pobre encolheu de 12,6 milhões em 2022 para 9,5 milhões em 2023, outra mínima da série. A redução foi de 3,1 milhões, número semelhante ao total de habitantes de Alagoas no Censo 2022 (3,1 milhões). André Simões, analista da pesquisa do IBGE, disse que o “maior dinamismo” do mercado de trabalho puxou a queda no caso da pobreza. O pagamento de benefícios sociais também contribuiu, mas foi preponderante mesmo para a redução da extrema pobreza, indicou o técnico.

Ao comentar os resultados, Simões citou uma simulação de cenário feita pelo instituto. Sem os benefícios sociais como o Bolsa Família, a taxa de pobreza até continuaria em queda, passando de 35,4% em 2022 para 32,4% em 2023. Por outro lado, a proporção de pessoas extremamente pobres teria crescido caso os programas desaparecessem dos cálculos. O percentual aumentaria de 10,6% em 2022 para 11,2% em 2023.

“O mercado de trabalho é mais importante no caso da pobreza e os benefícios de programas sociais, na extrema pobreza”, apontou o pesquisador. Os dados integram a Síntese de Indicadores Sociais, uma das publicações mais importantes do IBGE. O levantamento reúne uma série de indicadores sobre as condições de vida dos brasileiros.

Para caracterizar uma pessoa como pobre ou extremamente pobre, o instituto foca nos critérios do Banco Mundial. Nesse caso, a linha de pobreza considerada é de US$ 6,85 por dia em PPC (paridade de poder de compra) ou R$ 665 por mês. Já a de extrema pobreza é de US$ 2,15 por dia em PPC ou R$ 209 por mês. Na prática, pessoas que viviam com quantias inferiores a essas foram contabilizadas como pobres ou extremamente pobres no levantamento.