Em dezembro de 2015, Mário Celso Petraglia disparou: “Seremos campeões do mundo até o nosso centenário”. E o Athletico termina o ano emblemático rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro. O Furacão perdeu para o Atlético-MG e vê a queda justamente na temporada em que completa 100 anos. O clube não estará na Série A em 2025, muito menos no Mundial que agora tem 32 equipes.
O desespero fez o Athletico até anunciar um “pacto” no fim de outubro, termo que muitos torcedores usam para ironizar as conquistas recentes do clube. O Furacão fez produções com cara de filme de terror e pediu para o torcedor “entregar a sua alma”. Desde então, só três vitórias e a agonia até o fim. O Furacão aumentou o investimento para o centenário, mas o desempenho em campo foi muito aquém do esperado depois do título paranaense. O clube teve quatro treinadores e foi eliminado nas quartas de final da Copa do Brasil e Sul-Americana.
O Athletico começou o ano com Juan Carlos Osorio, trouxe Cuca, apostou em Martín Varini e agora tem Lucho González. Nenhum convenceu, e o sentimento para 2025 é de pouca esperança. “É complicado falar. Tiveram alguns fatores, acho que muita troca de comando, um dos fatores que dificultou um pouco. São entendimentos diferentes. Quando você está pegando o jeito, muda. Mas eu não sou a pessoa que pode dar essa resposta”, disse o lateral-direito Madson.
Quem convive no dia a dia do Furacão entende que a ausência de Petraglia é prejudicial, principalmente pela dificuldade do dirigente de 80 anos de delegar funções. O presidente tem problemas de saúde que o afastam do CT do Caju. Ele está no comando desde 1995. Há três pessoas de confiança de Petraglia para as decisões do cotidiano: a filha Ana Lúcia Petraglia, o diretor técnico Paulo Autuori e o diretor financeiro Márcio Lara. Mesmo à distância, o presidente tem dificuldade para dividir o poder.
Foi assim que o CEO Alexandre Leitão ficou apenas seis meses no Athletico. Após sete anos no Orlando City, o profissional foi escolhido a dedo para essa função estratégica de melhorar os processos e diminuir a responsabilidade de Petraglia. Petraglia, porém, teve atritos com Leitão e o demitiu.