Assessor do STJ comprou Rolex com dinheiro vivo, aponta relatório da PF

A Polícia Federal (PF) encontrou documentos que indicam compras de itens de luxo, incluindo um relógio Rolex , realizadas em dinheiro vivo por Rodrigo Falcão, chefe de gabinete do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Og Fernandes. Os investigadores também detectaram transferências bancárias mensais do ministro para Falcão, levantando suspeitas sobre um padrão de vida incompatível com seus rendimentos. A informação é do portal “UOL”.

O ministro Og Fernandes, por sua vez, negou qualquer irregularidade, alegando que os repasses se destinavam ao pagamento de contas pessoais. A defesa de Rodrigo Falcão não respondeu aos contatos da reportagem.

Rodrigo Falcão, que ocupava o cargo de chefe de gabinete de Og Fernandes, recebia um salário bruto mensal de R$ 15 mil, além de indenizações variáveis. Ele foi alvo de busca e apreensão em 26 de novembro e afastado do cargo por determinação do ministro do STF, Cristiano Zanin.

A PF cumpriu mandados de busca e apreensão em Brasília e no Recife. Em Pernambuco, em um imóvel de alto padrão, foram encontrados indícios de que o assessor mantinha um estilo de vida incompatível com sua renda. No local, estavam três caixas da marca Rolex, mas sem os relógios, e documentos fiscais que indicavam compras luxuosas. Um cupom fiscal de um relógio de R$ 106 mil, pago em dinheiro, chamou a atenção da PF, que registrou em seu relatório: “Chama atenção o fato de que o pagamento foi realizado em dinheiro, conforme consta do cupom fiscal.”

Além disso, a PF localizou outras compras de luxo, como um pingente da marca Kate Spade New York e uma caneta Mont Blanc, com valores estimados entre R$ 2.000 e R$ 3.000. Os investigadores afirmam que a existência desses itens “corrobora com as hipóteses criminais” sendo apuradas.

O chefe de gabinete se tornou alvo da investigação após ser mencionado em mensagens do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, que compartilhava documentos sigilosos relacionados a processos do ministro Og Fernandes. De acordo com os diálogos, Andreson sugeriu que poderia influenciar decisões judiciais no STJ por meio de uma pessoa chamada Rodrigo, referindo-se claramente a Falcão. A PF apontou que esses diálogos indicavam a participação de Rodrigo Falcão nas negociações ilícitas, embora ainda não tenham sido encontrados registros de conversas diretas entre ele e o lobista. Na mesma operação, Andreson foi preso preventivamente.

As transferências de Og Fernandes
A PF também teve acesso aos extratos bancários de Rodrigo Falcão, nos quais foi possível verificar que o ministro Og Fernandes realizou sete transferências mensais à conta de seu assessor. O valor médio de cada transferência era de aproximadamente R$ 20 mil, totalizando R$ 140 mil entre abril e outubro deste ano.