A pesquisa Quaest divulgada nesta segunda-feira (27) trouxe um marco simbólico para o governo Lula: 49% dos brasileiros desaprovam seu trabalho, contra 47% de aprovação. É a primeira vez, em dois anos de mandato, que a rejeição ultrapassa o apoio. O dado revela uma erosão acelerada na base histórica do petista, agravada por crises recentes e pela percepção de promessas não cumpridas.
O levantamento, realizado com 4,5 mil eleitores entre 23 e 26 de janeiro, aponta uma queda de 5 pontos na aprovação desde dezembro. Enquanto isso, a desaprovação subiu 2 pontos. Para Felipe Nunes, diretor da Quaest, a frustração com a economia e a distância entre discurso e realidade explicam o cenário: 65% dos entrevistados acreditam que Lula não cumpriu suas promessas.
A região que sempre foi fortaleza petista mostra rachaduras. A aprovação caiu de 67% para 60% em um mês, e a desaprovação subiu 5 pontos, chegando a 37% — maior índice nacional. “Perder popularidade no Nordeste significa perder a base que o defendia”, analisa Nunes. No Sudeste, a reprovação permanece em 53%, e no Sul, disparou para 59% — maior índice nacional.
Quem está deixando de apoiar Lula?
- Mulheres: Aprovação caiu de 54% para 49%, com aumento de 3 pontos na reprovação.
- Jovens (16-34 anos): 52% desaprovam o governo, alta de 2 pontos desde dezembro.
- Renda baixa (até 2 salários): Apoio recuou de 63% para 56%, enquanto a rejeição subiu 5 pontos.
- Evangélicos: 58% reprovam Lula, ante 37% de aprovação.
A crise do Pix deixou cicatrizes: 66% dos entrevistados consideram que o governo errou ao lidar com a polêmica das regras de fiscalização. A comunicação da gestão também foi mal avaliada: 53% a veem como negativa.
A economia como divisor
Apesar de programas sociais como o aumento do Bolsa Família, a insatisfação cresce onde o governo mais prometeu:
- 50% dos brasileiros acham que o país está no caminho errado.
- Violência e questões sociais ultrapassaram a economia como principais preocupações, mas a alta dos alimentos preocupa 83% das famílias.
- Para os eleitores de renda mais alta (acima de 5 salários), a reprovação chega a 59% — sinal de que a insatisfação não se limita a um grupo.